sábado, 18 de setembro de 2010

NAUFRÁGIOS NA COSTA NEGRA

Mares bravos, ventanias, nevoeiros, temporais... 
Este é o cenário real costa nortenha portuguesa. Muitos navios encalharam e muitas vidas se perderam.
Pelo menos de dez em dez anos, um grande desastre marítimo assola a região.
Em 1927, ao acender-se em Leça da Palmeira o último farol construído no continente português, a costa nortenha tinha já uma longa história de naufrágios. A "Costa Negra" ou "Costa Muda" inspirava um respeitoso temor por todos os viajantes.

Em 1852, o vapor "Porto" encalhava na Pedra da Forcada, junto à Barra do Douro. De entre passageiros e tripulação, 66 perderam a vida. A rainha D. Maria II, dirigiu-se ao Porto para apresentar condolências aos familiares e o relato deste naufrágio foi falado durante muito tempo pelo povo e nos meios sociais da época.

Em 1872, no dia 25 de Agosto, naufraga o vapor espanhol "Perseverança". Quase todos os passageiros e tripulação desapareceram nas águas.

Na Póvoa de Varzim, a 27 de Fevereiro de 1892, deu-se mais uma tragédia marítima. 94 pescadores viram-se arrastados pelas ondas quando as suas lanchas tentavam passar a barra. Também naquele local fazia falta uma luz para guiar as embarcações. A torre de ferro do Farolim de Regufe já existia à seis anos, mas só após este incidente, em Março, a luz se acendeu.



A edificação do Farol de Leça teve como causa o naufrágio do paquete inglês "Veronese", na madrugada de 16 de Janeiro de 1913, em frente à ermida da Boa Nova. Cerca de seis anos depois, acendia-se ali um farolim que funcionou até à criação do actual farol da Boa Nova ou de Leça, e o do qual resta apenas as ruínas da torre junto à ermida.

Ruínas do antigo farolim de Leça (Boa Nova) - Leça da Palmeira, Matosinhos, Porto
Fotografia: Teresa Reis©

Na tragédia do "Veronese", morreram 38 pessoas, algumas afogadas nos porões e camarotes e salvaram-se 202. Durante três dias, o navio embateu violentamente de encontro aos rochedos batidos pelas altas vagas de um mar de Inverno frio e rigoroso. Um  nevoeiro cerrado envolvia o paquete que apitava implorando socorro. 
A população de Matosinhos e Leça depressa acudiu ao chamamento, juntamente com os Bombeiros de Leça da Palmeira, comandados pelo coronel Laura Moreira. O apoio também foi dado pelas equipas salva-vidas de Leixões, comandadas por José Rabumba, Francisco Gomes Cardia e "Patrão Lagoa", de Póvoa de Varzim. Também o capitão-de-fragata Alfred Howell mereceu reconhecimento pelos seus actos heróicos.

A 13 de Dezembro de 1914 naufraga na praia de Anjeiras, exactamente no mesmo sítio onde na véspera encalhara o vapor inglês "Silurian", o navio-motor Bogore. 33 dos 38 tripulantes perdem a vida. 

1 de Janeiro de 1915: o vapor norueguês "Jamaica" perde 14 tripulantes ao tentar entrar no porto de Leixões debaixo de mau tempo.


A 3 de Fevereiro de 1929, o vapor alemão "Dieister" tenta entrar na barra do Douro e perde os seus 24 tripulantes.

A 11 de Maio de 1932: o navio belga "Gauss" naufraga em frente do Cabedelo, salvando tripulação e carga. No entanto, nos barcos salva-vidas que haviam partido em seu socorro, 6 marinheiros perdem a vida e 12 ficam feridos.




Fonte: 
"Faróis de Portugal" - João Francisco Vilhena
                              Maria Regina Louro
                              Editora Gradiva, 1995


          

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